Tédio e a adolescência do sistema de recompensa
A relação entre o tédio, primeira uma das primeiras manifestações da adolescência, e o sistema de recompensa. Observe a explicação:
“E aqui está a chave para entender as alterações do comportamento motivado na adolescência: o estriado ventral perde cerca de um terço dos seus receptores para dopamina do início até o final da adolescência em animais de laboratório. Isso também vale para humanos: por mecanismos ainda desconhecidos, a região que inclui o estriado ventral perde entre um terço e metade dos receptores para dopamina desde a infância até a idade adulta”. (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 68)
A perda dos receptores de dopamina e suas consequências
“A perda de receptores para dopamina no sistema de recompensa no final da infância tem consequências fundamentais para o comportamento adolescente. Como a dopamina liberada sobre o estriado ventral durante, digamos, uma brincadeira de boneca encontra agora um número reduzido de receptores, a ativação resultante do estriado ventral é menor, e a brincadeira causa, portanto, uma satisfação proporcionalmente menor. O resultado é uma súbita incapacidade de estímulos outrora interessantes em causar ativação suficiente do sistema de recompensa, o que leva a uma das primeiras manifestações da adolescência: o tédio. Brincar de boneca, carrinho ou senta-levanta torna-se chato. Pensar em brincar de boneca, carrinho ou senta-levanta, então, que provoca por definição uma ativação do sistema de recompensa um pouco menor do que a brincadeira de verdade, torna-se mais chato ainda. E assim os brinquedos, jogos e músicas da infância vão sendo abandonados às estantes e aos baús, sem um pingo de remorso ou gratidão – porque, para o sistema de recompensa que entra na adolescência, eles se tornaram incapazes de oferecer prazer. O desinteresse por o que foi o carrinho predileto é apenas normal para a criança, que sente na pele (no cérebro!) que o brinquedo não agrada mais. Mas sempre pega de surpresa os pais, que às vezes acham que as queixas de tédio dos filhos e seu súbito desinteresse pelos brinquedos são birra, mimo ou provocação”. (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 68) (grifos da autora)
“Assim como a dificuldade recém-instalada de obter satisfação com as brincadeiras antigas pode ser a razão do tédio, a dificuldade em antecipar sensações de recompensa em resposta ao comportamento talvez esteja por trás de outra característica adolescente: a preguiça. Como a motivação depende da ativação antecipada do mesmo sistema de recompensa embotado em resposta à simples expectativa de algo acontecer, encontrar motivação suficiente para fazer qualquer coisa também se torna um problema. Portanto, não é que o cérebro adolescente precise vencer uma inércia maior para levantar da cama e atender por exemplo ao pedido dos pais para arrumar a cozinha; com o sistema de recompensa embotado, ele precisa de mais estímulos para gerar motivação suficiente para vencer a inércia”. (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 69) (grifos nossos)
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Pedagoga e Psicopedagoga Clínica
Comecei minha carreira de atendimentos em 2012
Hoje atuo também como Supervisora Clínica
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