Energia, motivação e o sistema de recompensa
Por que as crianças têm uma energia impressionante e, conforme vai crescendo, vai diminuindo (ou desaparece)? Veja a explicação da Dra. Suzana sobre esse assunto:
A diferença entre a sua vontade de brincar de Senta-Levanta hoje e umas poucas dezenas de anos atrás, antes e depois da adolescência, ilustra o significado da palavra motivação, sua importância para a escolha das nossas ações, e a diferença que faz ter um sistema de recompensa funcionando a todo vapor. A motivação é uma medida, obtida por cálculos conscientes ou inconscientes, da satisfação que o cérebro poderá obter com um comportamento qualquer, seja brincar, trabalhar, namorar ou ler um livro. Para avaliar o “potencial de satisfação” de qualquer atividade, o cérebro usa o mesmo conjunto de estruturas que fornecem satisfação de fato após algum comportamento útil ou interessante: o sistema de recompensa. Pensando assim, a motivação – o que faz você decidir se brinca ou não brinca de Senta-Levanta – é uma amostra antecipada do prazer que seu cérebro acha que você pode conseguir se resolver brincar”. (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 65)
Da dopamina ao prazer
A explicação para alteração no “potencial de satisfação” de qualquer atividade está intimamente ligada ao sistema de recompensa. Vejamos a explicação da autora:
O sistema de recompensa é o conjunto de estruturas no cérebro responsáveis por premiar com prazer ou bem-estar aqueles comportamentos que acabaram de se mostrar úteis ou interessantes. Com o auxílio da memória de prazeres passados e baseado na imaginação de prazeres futuros, o mesmo sistema mais tarde avalia a satisfação que pode ser obtida com qualquer tipo de atividade. É a ativação do sistema de recompensa que fornece ao cérebro o prazer de um beijo, um bom livro, a música do ídolo da vez, ou uma barra de chocolate. Quanto maior é a ativação do sistema, maior é o prazer obtido depois do feito, maior será o prazer antecipado só de pensar no que se considera fazer – e, portanto, maior será também a probabilidade de fazer aquilo de novo. A ativação do sistema de recompensa é o que nos faz querer mais de tudo o que foi ou pode ser bom”. (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 66)
Sobre o sistema de recompensa
“Ativar o sistema de recompensa” significa aumentar o funcionamento de dois de seus componentes mais importantes: a área tegmentar ventral e o estriado ventral. A primeira recebe dos sentidos informações sobre o que está acontecendo com o corpo, e recebe do córtex pré-frontal, na parte da frente do cérebro, informações sobre as intenções que guiaram o comportamento atual. Se detectam que algo interessante acabou de acontecer (por exemplo, o comportamento atingiu seu objetivo, ou ao contrário, produziu algo de novo ou surpreendente), os neurônios da área tegmentar ventral despejam dopamina sobre os do estriado ventral”. (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 66)
Sobre a dopamina
“A dopamina é uma substância neuromoduladora, o que significa que é capaz de modificar a atividade elétrica dos neurônios que a recebem, neste caso os do estriado ventral. Quanto mais dopamina é liberada sobre os neurônios do estriado ventral, maior é a ativação destes – e, por mecanismos ainda desconhecidos, maior é a sensação de bem-estar e prazer que resulta daquele comportamento. Por isso, o grau de ativação do sistema de recompensa pode ser inferido tanto pelo grau de atividade do estriado ventral, quanto pela quantidade de dopamina liberada sobre ele durante qualquer atividade potencialmente prazenteira. Portanto, mais dopamina significa maior ativação do estriado ventral, e deste modo, mais prazer”. (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 66-67)
“O estriado ventral, por sua vez, influencia diretamente o comportamento, tanto por se comunicar com regiões do córtex pré-frontal responsáveis pela tomada de decisões quanto por modificar a atividade de núcleos vizinhos na base da porção frontal do cérebro (chamados, por isso mesmo, núcleos da base) que promovem a continuidade de um comportamento. Assim, tudo o que promove a liberação de dopamina sobre o núcleo acumbente, e, portanto, sua ativação, tende a ser desejado e repetido. No entanto, para que a dopamina despejada sobre os neurônios do estriado ventral provoque sua ativação é preciso que esses neurônios saibam reconhecer a presença dessa substância. Isso é possível graças à presença de receptores para dopamina nos neurônios do estriado ventral: são as proteínas na superfície neuronal que grudam moléculas de dopamina despejadas ao redor, mudam seu formato ao ligarem-se a ela, o que indica ao neurônio que ele acabou de receber dopamina da área tegmentar ventral – e, em resposta, o neurônio torna-se mais ativo eletricamente. Como a resposta dos neurônios do estriado ventral à dopamina depende do número de receptores disponíveis para detectar a substância, quanto maior for o número de receptores nos neurônios do estriado ventral, maior será a sua resposta elétrica a uma mesma quantidade de dopamina despejada sobre eles. Ou seja, quanto maior o número de receptores para dopamina, mais fácil será ativar o estriado ventral do sistema de recompensa e, assim, conseguir prazer ou satisfação. Crianças, cujo sistema de recompensa é por natureza riquíssimo em receptores para dopamina, conseguem, portanto, muito prazer com muito pouco estímulo. Qualquer brincadeira as diverte, mesmo. Inclusive Senta- Levanta…” (HERCULANO-HOUZEL, 2013, p. 67) (grifos da autora)
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Pedagoga e Psicopedagoga Clínica
Comecei minha carreira de atendimentos em 2012
Hoje atuo também como Supervisora Clínica
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